quarta-feira, 2 de maio de 2012
Meu Planeta Azul (O Desejo)
A letra da canção "Meu Planeta Azul" foi escrita para a música "O Desejo" de Carlos Gutkin. Num jantar de amigos, o Carlos puxou da sua viola, tocou a melodia e ofereceu-ma para que lhe adicionasse a letra. Era uma música que esperava, há vários anos, na gaveta, por uma letra...
Sentei-me ao computador, de auscultadores, a ouvi-la. Ouvi-a vezes e vezes sem conta e a letra começou a surgir. Vinha de uma outra canção, que eu criara para uma peça de teatro e que começava assim:
"Era uma vez um planeta
Azul, muito brilhante
Que rodava no eixo
De um sol muito distante
Chamava-se Terra
E era bem redondinho
Despertava com raios de sol
E a lua velava o seu soninho
E abaixo de um céu
Erguia-se um mar
Entre ilhas de terra
Sem mais acabar
E bichos com penas
Escamas e pele
Voavam, nadavam
E andavam nele..."
Daqui vêm as primeiras duas estrofes:
Terra meu Planeta Azul
Tu és tão brilhante
Giras em torno do sol
Num passo constante
O teu centro arde lento
Em magma coração
E a cada estremecimento
Vais mudando, e à vida, de feição
Era a minha forma de dizer "admiremos todos este nosso belo planeta, cujo coração bate há milhares de milhões de anos e em cuja história se inscrevem tantas mudanças, tantas eras geológicas de que nós, os seres humanos, somos uma tão recente e ínfima parte..."
Faltava agora a parte mais dolorosa: afirmar consciência! Escrever que estamos conscientes dos nossos erros, como seres humanos, perante um mundo maravilhoso que talvez já não aconteça como o sonhámos, como o idealizámos. Na nossa pressa (em saber, fazer, usar, mudar), arriscámos o ritmo sábio da natureza, o tempo justo dos equilíbrios frágeis que regem a vida no nosso planeta...
Terra, meu Planeta Azul
Nós hoje sabemos
Do tanto que nos tens dado
O quanto já perdemos
No teu passo arriscámos
E foi tanta a nossa pressa
Que o amanhã que sonhámos
Hoje talvez já não aconteça
E a conclusão? Como as crianças, ao ouvir uma história empolgante, perguntava-me "E agora, isto acaba bem ou mal?"... No final, lá estava "o desejo" do Carlos Gutkin a "falar" mais alto. E naturalmente eu juntei-me a ele...
Mas agora, eu vou cuidar de ti
Vou dar o melhor que há em mim
Toda a alegria, amor, carinho e atenção
Ponho esta flor de esperança no teu coração
Cantei repetidas vezes a canção, a ver se a letra cabia bem na melodia e se a honrava. Partilhei o que considerava uma primeira tentativa com o Rui, um grande amigo a quem envio sempre as minhas primeiras tentativas e com a Inês, a minha irmã mais nova que é atriz e que iria cantar o tema na peça. Pareciam gostar. Mas a grande confirmação veio quando cantei a canção ao Carlos Gutkin, que se comoveu até às lágrimas e exultando de alegria disse «Está perfeito!».
Gravámos a canção em estúdio e começámos a partilhar o ficheiro mp3 com as escolas, para que as crianças a pudessem aprender e cantar. As reacções eram sempre fantásticas, até começámos a receber cartas e desenhos das crianças (como as que estão neste post). Cada vez mais eu sentia que esta canção tinha sido feita para ser cantada por vozes infantis.
Quando ouvi esta canção nas vozes das crianças do Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras, fiquei toda arrepiada.
Voltei-me a arrepiar quando ouvi a gravação final, já com os arranjos da Yara Gutkin para harpa e acordeão, belissimamente interpretados pela Anai Gutkin e o Kent Queener, além da imprescindível viola do Carlos Gutkin.
E algo me diz que mais virá, somando sempre, àqueles acordes que esperavam adormecidos na gaveta, "o desejo" profundo de um mundo melhor, mais justo, mais ecológico, pacífico e solidário, feito de todos e para todos, abrindo e resplandecendo suave no coração deste nosso, único, Planeta Azul.
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Foi assim mesmo... como a Rita diz, a Letra e música tiveram um casamento feliz.
ResponderEliminarum grande beijinho.
Kay