(ilustração de Pablo Mayer, fonte: http://braboscomics.com)
«... e contudo instruí-me, sem temores nem castigos, só com o prestar de atenção entre as carícias das amas, entre os gracejos dos que se riam e as alegrias dos que folgavam. Aprendi, sem a pressão correcional de instigadores, impelido só pelo meu coração desejoso de dar à luz os seus sentimentos...»
Assim escreveu Santo Agostinho nas suas "Confissões", reflexões autobiográficas compostas no ano de 397, em cujas primeiras páginas, incidindo na infância, confessa a sua "relutância em estudar".
Refletindo sobre a sua aversão à língua grega - que os mestres o obrigaram a aprender - e, por contrário, o gosto que cedo desenvolveu pela língua latina - que lhe chegou docemente na narrativa das epopeias homéricas - Santo Agostinho confessa: «repetir aquelas primeiras letras era para mim uma cantilena fastidiosa; pelo contrário, encantava-me o vão espetáculo dum cavalo feito de madeira e cheio de guerreiros, o incêndio de Tróia e até a sombra de Creusa!».
Volvidos 1615 anos, a "história" continua a mesma e a conclusão de Santo Agostinho mantém-se pertinente: «para aprender, é mais eficaz uma curiosidade espontânea do que um constrangimento ameaçador».
Saibamos todos, na nossa missão de educar e ensinar (não só as crianças, mas todo aquele que se predispõe a aprender) manter, bem alta e acesa, a chama do coração!
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