segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

(Comunidade #1) Como foi

O primeiro encontro em Comunidade (20 de janeiro de 2018, em Água Formosa) deu-se entre a manhã de trabalho voluntário nas hortas da aldeia, almoço de convívio (e retempero de forças) na Casa da Junta de Freguesia de Vila de Rei e tarde de conversa junto ao forno comunitário da aldeia.
 
A aldeia
 
 
Água Formosa é uma aldeia maravilhosa, uma aldeia de xisto estacada ao coração da terra, em amoroso jorro de vida.
 
A aldeia entalha-se em declive na encosta até ao rio, sendo que deve o seu nome a uma fonte de água puríssima - e sendo também que se localiza a 10 km do marco geodésico que assinala o centro do território continental.
 
 
A entrada pela ponte convida-nos a conhecer a aldeia, cujas casas e ruas estão muito bem cuidadas, mercê do esforço e dedicação dos seus habitantes e da freguesia de Vila de Rei.
 
 
Entre estes, não há como não referir a família que dinamiza o alojamento local de água formosa, congregando sete casas, sendo que foi lá que pernoitámos - e sendo que fomos muito, mas mesmo muito bem recebidos.
 
 
Nos terrenos férteis e planos do vale encontram-se as hortas da aldeia. Falamos das hortas atualmente cultivadas, porque há também as outras, as que ficaram adormecidas e esquecidas pelo tempo e manto da vegetação - e que o fogo veio desnudar.
 
 
Foram essas hortas que ajudámos a limpar, juntando-nos à iniciativa da Fazedores da Mudança.
 
 
 
 
 
A Fazedores da Mudança
 
A Fazedores da Mudança é uma associação de pessoas que se reconhecem num profundo sentido de serviço a uma "era da união"e tempo de transição em que vivemos - o qual urge facilitar. É nesse papel que a associação se assume, com projetos ao nível da saúde, bem-estar, auto-suficiência e equilíbrio, registo e divulgação de histórias e saberes e cooperação/ parcerias.
 
A Fazedores da Mudança uniu-se a Vila de Rei no propósito de afirmar a freguesia como um território de referência de co-responsabilidade para o bem-estar e a construção de um mundo melhor, mais generoso, justo, solidário e sustentado.


A Fazedores da Mudança e a Aldeia de Água Formosa

No âmbito dessa visão (e missão), a associação fixou-se na aldeia de Água Formosa, numa casa-ruína que lhe foi cedida, tendo iniciado projetos com a população, como a reconstrução do forno comunitário da aldeia, a recolha de lendas e histórias das gentes da aldeia e o cultivo de hortas em terrenos cedidas por gente da aldeia.
 
No seu conjunto, estas hortas, que antes abasteciam uma população de cerca de 300 habitantes (agora são apenas nove os habitantes permanentes), são um marco indelével, representando a capacidade produtiva da aldeia e a autosuficiência alimentar das famílias.
 
Com o êxodo da população, as hortas foram abandonadas e "engolidas" pela vegetação. Agora, o fogo pôs a nú esse património, que se pretende revivificar e bem assim, com ele, a comunidade.
 
O passo seguinte será a recuperação da casa gerida pela Associação, cujo propósito de missão é "acolher o silêncio" - e devolver, a cada membro que o visita, a paz, equilíbrio e bem-estar necessários à continuação do seu trabalho de serviço à mudança.
 
Tornar-se sócio e/ou contribuir financeiramente são formas de ajudar a Fazedores da Mudança a levar a cabo a sua missão, objetivos e projetos - nomeadamente este último, que representará um maior esforço, mas também maior impacto. Saiba mais aqui.
 
 
Estar e Viver em Comunidade - o início de uma conversa...
 
Na conversa que se proporcionou pós-almoço falou-se sobre "comunidade".
 
«O que é isso de Estar e Viver em comunidade?»
 
Alguns aspetos já se encontram reportados neste post, traduzindo a visão e ação concreta da Fazedores da Mudança. Outros ficaram "perdidos" por circunstâncias várias e não serão passíveis de reporte. Somando o que foi falado e discutido com aquilo que esta iniciativa toma já de referência, poder-se-á sintetizar o seguinte:

 Ambicionando um conceito de comunidade alicerçado em objetivos e preocupações de sustentabilidade (económica, ecológica e sociocultural), três aspetos essenciais emergem:
 
1 - O projeto de Comunidade necessariamente implica uma base física, territorial (um espaço/ área concreto) e assim ir interagir e integrar-se na comunidade local já existente, apreendendo e (se possível registando) as histórias, saberes e costumes locais; introduzindo (com sabedoria e quando necessário) novos conhecimentos, utensílios e práticas (de base tecnológica ou outras) e fazendo surgir, nesse cruzamento, inovações "inteligentes" (simples, acessíveis e fáceis de criar/ reproduzir);

2 - A base de desenvolvimento da comunidade deverá ser a sua auto-suficiência alimentar; por isso, a comunidade tem que ter terra e pessoas para desenvolver a atividade agrícola, em horta, pomar e (desejavelmente) animais; e agroflorestal numa zona tampão regenerativa, de fixação e enriquecimento do solo, ensombramento e amenização (vento e outros fatores climáticos), proteção/ estímulo ao ecossistema e à biodiversidade e produção de oxigénio;

3 - O cerne do sucesso da comunidade estará na qualidade das relações humanas e na confiança entre todos. Mecanismos para uma comunicação mais efetiva, verdadeira, não violenta, assente no silêncio, no esvaziamento (mindfullness), na atenção plena, na vivência prática de uma maior espiritualidade (em oposição à materialidade), em momentos/ rituais coletivos de silêncio, dádiva, dança, canto, leitura, conversa e expressão livre e criativa serão essenciais. Alegria, bem-estar e diálogo sempre.
 
Muitas questões ficaram no ar e esta não é uma conversa acabada, antes pelo contrário, inicia aqui e agora, de modo mais formal, por via deste "Comunidade - projeto (em) partilha".
 
Para saber mais clique aqui. Ou contacte-nos.

 

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